Como um Corban Ajudava um Pecador a ser Perdoado por D'us? Um judeu que comete um pecado contra D'us, o Rei dos reis, merece morrer. O anjo acusador no céu o incrimina perante D'us. Mas D'us, em sua misericórdia,responde ao anjo acusador: "Aceitarei a morte de um animal no lugar do pecador."
Quando a pessoa que pecou põe ambas as mãos sobre a cabeça do animal e diz: "Fiz este e mais este pecado e me arrependo por isso" - pensa - "mereço realmente morrer por ter pecado perante D'us. Porém, D'us misericordiosamente aceita a morte do animal no lugar da minha." Quando o animal é abatido, pensa: "Mereço ser abatido." Quando o animal é queimado, pensa: "Mereço ser queimado."Quando D'us vê como o pecador está realmente arrependido, D'us o perdoa e aceita a morte do animal ao invés da sua.
Quais Eram os Animais Casher Usados para Corbanot?
Nenhum animal selvagem, mesmo que seja casher, pode ser sacrificado sobre o mizbêach. De todos os animais, D'us escolheu apenas três tipos: boi e vaca, ovelha e carneiro, cabra e bode. Apenas dois tipos de pássaros são permitidos: pombos e rolas. Uma das razões pelas quais D'us escolheu apenas os animais e aves domésticos acima citados é que eles são mansos. Sabemos como um carneiro é pacífico e como um pombo é manso. Embora sejam atacados, nunca revidam.
Nossos sábios ensinam: "É melhor ser insultado que insultar os outros; é melhor ser atacado que atacar os outros." Não faz parte do sistema judaico atacar os outros. Para mostrar que D'us aprecia aqueles que são pacíficos, escolheu animais e pássaros mansos para o mizbêach.
O Que Podemos Aprender com os Animais
Muitos animais foram criados por D'us com boas midot (traços de caráter), por isso devemos aprender a imitar seu comportamento. Por exemplo: gatos são asseados ; formigas são honestas; pombos são leais.
O Midrash nos conta sobre uma colônia de formigas na qual todas as formigas estavam recolhendo sementes de trigo. Uma das formigas acidentalmente deixou cair uma semente e pisou em cima. Cada formiga que passava marchando farejava a semente, e podia sentir pelo cheiro que não era sua. Centenas de formigas passaram por ali, mas nenhuma delas pegou a semente que não lhe pertencia. Finalmente, a formiga que tinha deixado cair a semente voltou e a recolheu novamente.
Pombos são fiéis. Macho e fêmea nunca se separam para se juntarem com um pássaro estranho. Se pensarmos a respeito, certamente acharemos mais exemplos de animais que nos ensinam "bons traços de caráter" ou hábitos saudáveis.
Como Um Judeu Escolhe um Corban
Quando um judeu decide oferecer uma ovelha como corban, vai até seu cercado e olha em volta. Existem todos os tipos de ovelhas neste redil - algumas saudáveis e fortes, algumas doentes e fracas, outras grandes e ainda algumas pequenas. Qual deveria ser o critério para a escolha do corban?
Primeiro a pessoa deveria examinar o animal para assegurar-se de que não possui nenhum defeito físico, pois neste caso não seria aceito para corban. E depois procurar o animal que lhe parecesse o melhor entre todos. Esta é a forma de servir a D'us. O mesmo raciocínio se aplica ao cumprirmos qualquer mitsvá da Torá.
Os Diferentes Tipos de Corbanot
Há cinco tipos de corbanot:
  • Olah: a oferenda que é completamente queimada.
  • Minchá: oferenda de farinha.
  • Shelamim: oferenda de paz.
  • Chatat: oferenda pelo pecado.
  • Asham: oferenda pela transgressão.
Os primeiros três tipos de corbanot podem ser trazidos por um judeu por sua própria vontade como um presente a D'us. Os dois últimos tipos de corbanot devem ser oferecidos por um judeu após cometer uma averá (pecado). D'us fica especialmente satisfeito com os corbanot que são oferecidos livremente, não por causa de um pecado. Eis porquê Ele o menciona em primeiro lugar na Torá.
O Sacrifício de Olah
Um sacrifício de animal é, sem dúvida, muito mais dispendioso que o de uma ave. Se um judeu deseja doar um olah a D'us mas não pode se dar ao luxo de comprar ou de abrir mão de um animal, pode ao invés disso doar uma das aves casher, um pombo ou uma rola. D'us ordenou que as aves deveriam ser queimadas sobre o mizbêach ainda com as penas. Não devem ser despenadas. Você alguma vez já sentiu o cheiro de penas queimadas? O odor é tão desagradável que a pessoa tem vontade de sair correndo. Então, por que D'us ordena que as aves sejam queimadas sobre o mizbêach desta forma?
Porque se a ave fosse oferecida sobre o mizbêach sem as penas, pareceria muito pequena e sem importância. Uma pessoa que traz uma ave para corban geralmente é pobre. D'us queria que o corban do homem pobre parecesse tão grande e valioso quanto possível. Para D'us, o corban do homem pobre é tão precioso quanto a oferenda dispendiosa do homem de posses. De fato, a Torá chama o cheiro da oferenda de ave "um odor agradável" (mesmo se for repulsivo), para demonstrar o quão feliz D'us se sente com ela. Nossos sábios ensinam: "Não é importante a D'us se uma pessoa é capaz de oferecer um corban caro ou barato. O que Ele deseja é que a pessoa traga o corban leshem shamayim, por amor a D'us."
Minchá: A Oferenda de Farinha
D'us diz: "Um judeu que é rico deveria oferecer um animal como um sacrifício de olah. Aquele que não possa adquirir um animal, pode oferecer um pássaro. E um judeu que é tão pobre que não possa doar um pássaro, pode no lugar deste trazer óleo e farinha ao Bet Hamicdash. Parte da massa feita com esses ingredientes será queimada sobre o mizbêach."
A oferenda de farinha era chamada minchá. A palavra "minchá" significa um presente. Embora o presente do homem pobre a D'us custe muito menos que o animal ou a ave ofertados pelo homem mais rico, D'us o preza muito. Pois D'us sabe que o homem pobre poderia ter usado aquela farinha para assar pão para si mesmo, e mesmo assim ofertou seu alimento como presente para D'us. Ele pode até mesmo passar fome por estar oferecendo sua farinha como minchá. Por isso, o Criador diz: "O corban minchá é tão precioso para Mim como se o homem pobre tivesse oferecido sua própria vida sobre o mizbêach! "
D'us deseja que o homem pobre pense: "Embora eu não tenha dinheiro para um corban animal, mesmo assim posso ofertar um corban do tipo mais sagrado." Por isso, D'us classifica o minchá entre os mais sagrados corbanot.
Vejamos agora o quanto D'us valoriza o presente de um homem pobre, mesmo que não tenha grande valor monetário.
Uma História:
Rabi Chanina ben Dosa vivia à época do Segundo Bet Hamicdash. Todos seus vizinhos e amigos doavam corbanot freqüentemente ao Templo Sagrado. Um deles prometia: "Trarei um corban olah para D'us !" Outro faria um voto: "Ofertarei um corban shelamim a D'us !"
Rabi Chanina desejava de todo o coração oferecer um corban a D'us. Mas era totalmente desprovido de posses, pobre demais para adquirir um animal ou mesmo uma ave. E nem sequer tinha dinheiro suficiente para comprar farinha para um corban minchá. A pobreza na casa de Rabi Chanina era muito grande.
Certa vez, quando Rabi Chanina estava caminhando pelos arredores da cidade, percebeu uma enorme pedra. Aqui estava um presente para D'us que não custava nenhum dinheiro! Ao invés disso, ele empregaria tempo e esforço. Rabi Chanina conseguiu ferramentas emprestadas para polir a pedra e dar-lhe polimento. Depois desenhou e pintou lindos motivos sobre ela, de forma a transformá-la numa obra de arte. A pedra daria um lindo ornamento para o Bet Hamicdash.
"Prometo que levarei esta pedra a Yerushaláyim!", Rabi Chanina gritou.
Mas a pedra era pesada demais para que a levantasse sozinho. Olhou à sua volta procurando pessoas que se prontificassem a carregá-la até Yerushaláyim. Rabi Chanina encontrou quatro operários.
"Quanto cobrarão para levar esta pedra até Yerushaláyim?" perguntou-lhes Rabi Chanina, apontando para a pedra.
"Cinqüenta sela'im," responderam.
"Cinqüenta sela'im!" Rabi Chanina balançou a cabeça. "Não tenho tanto dinheiro agora comigo."
D'us não queria que Rabi Chanina ficasse aflito por ter prometido levar a pedra a Yerushaláyim e agora não podia manter sua promessa. Por isso, D'us enviou cinco anjos com a aparência de trabalhadores comuns. Rabi Chanina avistou-os caminhando pela estrada e fez-lhes a mesma pergunta que havia feito aos primeiros cinco homens.
"Carregaremos a pedra até Yerushaláyim," disseram, "se nos der cinco sela'im. Você também deve nos ajudar a levantá-la."
Rabi Chanina concordou. Levantou a pedra junto com os cinco homens e - milagre dos milagres - um momento depois eles todos estavam na cidade de Yerushaláyim! Rabi Chanina pegou cinco sela'im para pagar aos cinco homens, mas eles haviam sumido! Perplexo, Rabi Chanina levou esta pedra ornamental como uma oferenda ao Templo sagrado. Também contou aos juízes do Grande Sanhedrin sobre os extraordinários fatos.
"Cremos," disseram-lhe os juízes do Sanhedrin, "que aqueles não eram homens, mas anjos!"
Como Rabi Chanina não desejava guardar os cinco sela'im que havia prometido pagar àqueles homens, deu-os aos sábios para que o distribuíssem para tsedacá.
Vemos por esta história que D'us valoriza um presente no qual a pessoa coloca intenção e esforço. Já que D'us tomou conhecimento do grande desejo de Rabi Chanina de dar-Lhe um presente, Ele realizou milagres para ajudá-lo a levar a pedra até Yerushaláyim. Por outro lado, D'us não perdoa um pecador se este limita-se a comprar um corban caro para o mizbêach, mas não se arrepende e refina seu comportamento. Quando um judeu traz uma oferenda, D'us observa-o para ver suas verdadeiras intenções.
Devemos Colocar Sal em Cada Corban
Se você salpicar bastante sal sobre a carne ou vegetais, serão preservados por um longo tempo. Sal nunca se estraga. D'us nos ordenou colocar sal sobre nossos corbanot para mostrar que os corbanot são um pacto permanente entre D'us e Benê Yisrael. Mesmo agora, quando não temos mais um Templo Sagrado e não podemos oferecer corbanot, D'us perdoa nossos pecados através de nosso estudo sobre as leis dos corbanot. E quando o terceiro Bet Hamicdash for construído, novamente ofereceremos sacrifícios.
O que fazemos hoje em dia para nos lembrar da mitsvá de salgar os corbanot? Colocamos o sal sobre a mesa quando fazemos uma refeição, porque nossa mesa é semelhante a um mizbêach. O Midrash acrescenta outra razão para salgar os corbanot. No segundo dia da criação, D'us dividiu as águas. À uma parte delas, ordenou: "Fiquem no céu!" e à outra parte ordenou: "Fiquem na terra!" As águas na terra reclamaram: "Preferimos ficar no céu, perto de Ti, D'us !" Então D'us consolou as águas na terra: "Usarei as águas da terra para Meu serviço no Bet Hamicdash. Sal retirado do mar deve ser salpicado sobre todos os corbanot."
Shelamim: A Oferenda de Paz
Até agora discutimos dois tipos de corbanot: o olah e o minchá. Em seguida a Torá explica as leis do corban shelamim: a oferenda de paz.
Quando um judeu oferece um shelamim? Quando está feliz e deseja comer carne com a família e os amigos - mas também quer tornar sua refeição sagrada ao compartilhá-la com D'us e com Seus cohanim. Se alguém oferece um olah ou um minchá, não tem permissão de comer nenhuma parte do corban. Então pode desejar oferecer um boi ou uma vaca, um carneiro ou uma ovelha, ou ainda uma cabra como um corban shelamim.
Uma das razões pelas quais este corban é chamado shelamim é que traz shalom (paz), a todos que estão envolvidos nele. O dono compartilhou sua felicidade com os cohanim, e ele e sua família consomem a maior parte. Como é dividido por todos, faz com que todos eles vivam em paz e amizade entre si.
O Midrash nos conta:
Milagres em Conexão com os Corbanot
Nossos sábios nos dizem que havia dez milagres surpreendentes que costumavam acontecer no Bet Hamicdash. Aqui estão dois deles:
A carne dos corbanot nem sempre era queimada ou comida prontamente. Às vezes havia tantos sacrifícios olahs prontos para serem queimados sobre o mizbêach que partes dos corbanot esperavam sua vez sobre o mizbêach até que fossem queimados. O mizbêach ficava em um pátio aberto sem telhado. Geralmente carne crua que é deixada ao ar livre, especialmente em dias quentes, começa a apodrecer. Mas isto nunca aconteceu com os corbanot. Os pedaços de carne sobre o mizbêach sempre permaneciam frescos. A mesma coisa acontecia com os corbanot como shelamim, que o dono tinha permissão de comer dois dias após abatê-los. Uma família que pretendesse comer a carne shelamim apenas no segundo dia após abater o corban não precisava se preocupar que a carne fosse se estragar. Ela sempre ficava fresca até que a comessem.
Um outro milagre era a ausência de moscas na parte da Azará onde os corbanot eram enxaguados após o abate. Normalmente, sangue e carne atraem moscas aos milhares. Mas a kedushá, santidade, de um corban era tão especial que nem sequer uma única mosca jamais tocou a carne após o abate.
Uma História:
Rabi El'azar, juntamente com outros sábios da Torá, estava viajando para a cidade de Lud. Perceberam um judeu carregando três hadassim, galhos de murta.
"O que estão fazendo com esses três hadassim?" perguntaram-lhe.
"Eu os uso após o fim do Shabat," replicou o judeu. "No Shabat, cada judeu recebe de D'us uma alma extra, uma medida extra de santidade, por causa da grandeza do Shabat. Quando o Shabat termina, a alma adicional se retira e ele sente-se triste. Para alegrar meu coração, cheiro esses hadassim após o término do Shabat." (Esta é a razão pela qual cheiramos bessamim, especiarias doces, após o Shabat.)
"Mas por que três hadassim?" perguntaram os sábios.
"Para lembrar-me de Avraham, Yitschac e Yaacov," respondeu o judeu.
Quando Rabi El'azar ouviu estas palavras, explicou: "Assim como o odor dos hadassim alegram o coração de uma pessoa, assim o cheiro delicioso dos corbanot faz D'us feliz, e então Ele abençoa o mundo."
A Torá nos relata que D'us fica satisfeito com o odor agradável dos corbanot. Mas obviamente D'us não precisa do prazer de nossos corbanot. Então, o que D'us aprecia? O fato de poder abençoar-nos quando fazemos a avodá (serviço).
O Midrash nos relata:
Quais as Bênçãos que Vêm ao Mundo por Causa dos Corbanot?
Cada tipo de planta ou animal oferecido sobre o mizbêach traz uma bênção às plantas ou aos animais daquela espécie.Por causa das oferendas de minchá e as outras oferendas de trigo trazidas ao mizbêach, fazendeiros judeus costumavam plantar apenas um pouco de trigo e mesmo assim tinham colheitas abundantes. Porém, após o Bet Hamicdash ser destruído e oferendas não mais serem trazidas ao mizbêach, em um ano quando D'us estava desgostoso com o povo judeu, um fazendeiro colheria ainda menos do que havia plantado.
As azeitonas e uvas eram de tamanho gigante, porque azeite e vinho eram usados no Bet Hamicdash. Enquanto o Bet Hamicdash existia, os animais nas fazendas costumavam aumentar por causa dos sacrifícios diários de animais oferecidos no mizbêach. Quando os corbanot cessaram, os animais não mais se reproduziram da mesma forma, com a mesma velocidade.
Quando Mashiach vier e D'us reestabelecer o Bet Hamicdash, todas estas bênçãos retornarão ao mundo mais uma vez.